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Amazônia
Expedição Humboldt
No ano 2000, Victor Leonardi e o biólogo Cezar Martins de Sá organizaram e coordenaram uma grande expedição científica pela Amazônia Venezuelana e Amazônia Brasileira, a Expedição Humboldt, por meio de convênio firmado entre a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Simón Bolívar, de Caracas.
Alexander Von Humboldt foi um dos maiores cientistas de seu tempo, sendo então escolhido como patrono dessa expedição. Além de suas contribuições para a História, a Arqueologia e a Etnografia, Humboldt deixou ensaios de Fitogeografia, Zoologia, Astronomia e Geologia, sobre áreas que atualmente pertencem à Venezuela, à Colômbia, ao Equador, ao Peru e ao México.
Esteve em Cuba e foi recebido nos Estados Unidos por Thomas Jefferson. Foi o primeiro pesquisador a usar isotermas para representar regiões de temperaturas iguais; o primeiro a demonstrar a diminuição de intensidades magnéticas do polo ao Equador. Foi grande estudioso das camadas da terra, do vulcanismo e das correntes marítimas; deixou relatos insubstituíveis para o estudo da Amazônia venezuelana no final do século XVIII, com observações acuradas a respeito de povos indígenas, meio ambiente e história das populações ribeirinhas. Em companhia do botânico Aimé Bompland, Humboldt chegou à Venezuela em julho de 1799 e algum tempo depois saiu em busca do canal que une as bacias do Orinoco e do Amazonas.
As duas maiores bacias hidrográficas da Amazônia - a do Amazonas e a do Orinoco - comunicam-se através de um canal natural chamado Canal do Cassiquiare, que permite a navegação fluvial entre o Brasil e a Venezuela, no trecho São Gabriel-Puerto Ayacucho, com conexão para o delta do Amazonas, em terras brasileiras, ou para o delta do Orinoco, na Venezuela. Embora não haja navegação regular, e pouca gente tenha feito esse imenso percurso, é possível sair do Caribe e chegar ao Oceano Atlântico através de rios amazônicos.
Depois de ter estudado o Canal do Cassiquiare, Humboldt, já na fronteira do Brasil, não pôde prosseguir sua viagem, pois as autoridades portuguesas da época negaram-lhe autorização.
Partindo do delta do Orinoco, na Venezuela, a expedição inicialmente refez o percurso feito por Humboldt, em 1799. A Expedição aconteceu entre 01 de setembro e 03 de novembro de 2000, quando se completaram 200 anos da viagem de Alexander von Humboldt.
Os especialistas navegaram e pesquisaram no canal do Cassiquiare, no Paraná do Ramos e nos rios Orinoco, Negro, Amazonas, Maués Açu, Uatumã, Urubu, Nhamundá, Trombetas, Tapajós, Xingu, Jari e Oiapoque.
O percurso foi feito em dois barcos, um dos quais possuía biblioteca e equipamentos para pesquisas.
Foram 62 dias a bordo e 9.200 quilômetros navegados entre o Caribe (baixo Orinoco) e Belém do Pará.
Dessa longa viagem participaram 49 pesquisadores, entre eles historiadores, professores de zoologia, botânica, biologia molecular, hidrologia, saúde pública, geoquímica, geografia, ecologia, mitologia, astronomia e arqueologia.
O jornalista Nicolas Reynard, da revista National Geographic, acompanhou a expedição e fez relatos diários para o seu site.
A expedição teve como resultado vários artigos científicos, 10 mil fotos, uma exposição de pintura, do artista plástico Rômulo Andrade e um filme-documentário intitulado Expedição Humboldt, dirigido por Leonardi, com imagens de Luiz Carlos Saldanha e Frederico Rêgo.